Crise, desemprego, insegurança e corrupção agravam desaprovação de Temer

Publicado em 28/07/2017

Não se pode esquecer que CNI apoiou o impeachment e as reformas

Imagem da notícia Crise, desemprego, insegurança e corrupção agravam desaprovação de Temer

Deputados de oposição avaliam como irônico o fato de a Confederação Nacional da Indústria (CNI) ter de admitir que a grave crise econômica, o desemprego, a insegurança e a corrupção são fatores decisivos para a queda acentuada de popularidade do presidente Michel Temer e seu governo, como mostra pesquisa CNI-Ibope divulgada esta semana (27). 

Segundo a pesquisa, o percentual dos brasileiros que avaliam o governo como ruim ou péssimo subiu de 55%, na pesquisa de março, para 70%. É bom lembrar que a CNI apoiou esse projeto que hoje gera desemprego, crise econômica e corrupção, diz o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). 

A CNI admite isso, mas apoiou o impeachment. A crueldade é que apoiou o impeachment e a reforma trabalhista, afirma o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). O desemprego hoje atinge 14 milhões de brasileiros e a reforma trabalhista tende a desqualificar o pouco que vai restar de emprego formal no país.

O gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, disse após a divulgação da pesquisa que o desemprego continua muito elevado no país, o que afeta a popularidade de Temer. Acrescentou que a dificuldade de aumento salarial é fator importante na pesquisa e que existe um peso muito forte da crise econômica na baixíssima aceitação do chefe do Executivo. Apenas 5% aprovam o governo. Também esclareceu que certamente a questão do caso JBS foi um dos fatores que determinaram a piora na popularidade. 

Para o deputado do PCdoB, a CNI falar em crise não é surpresa. A indústria brasileira está seguindo ladeira abaixo. Seja pela tributação, seja pela mudança na TJLP, que é a taxa de juros de longo prazo do BNDES. A tendência é que haja mais conflito entre o governo Temer e o que resta de setor produtivo no Brasil, acredita o comunista. A medida provisória 777, de 27 de abril, diminui as possibilidades do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social desempenhar o papel de fomentador do desenvolvimento.

O processo de desgaste do Temer indicado na pesquisa revela que o paraíso que ele prometeu quando organizou o golpe na Dilma não se verificou, afirma Silva.

Mas, apesar da popularidade em queda, Temer mantém apoio de sua base no Congresso. É porque ele está comprando deputados, além de ter uma base muito conservadora, resultante do financiamento privado de campanha, diz Paulo Teixeira. E parte dos parlamentares estão num pacto dos investigados, liderados pelo governo Temer.

Para Orlando Silva, o presidente transformou o governo num  instrumento de sua defesa pessoal. Não há governo no Brasil, não há política pública, o que há é o Estado brasileiro servindo para manter livre um determinado núcleo político do PMDB. O governo é utilizado para a defesa do presidente e alguns de seus ministros.

Se a enorme impopularidade de Temer não se reflete hoje em grandes mobilizações, na opinião do deputado petista, o desemprego e a insegurança vão desencadear um processo de mobilização maior. Eu acho que é uma questão de tempo. Há uma diminuição forte da popularidade dele e uma insegurança muito grande na população, de um lado pelo desemprego, e do lado dos empregados, pela perda de direitos. Não que o Brasil tenha parado. Os movimentos organizados estão se mobilizando. Mas acho que pode haver uma mobilização maior na sociedade brasileira, diz Teixeira.  (Fonte: Rede Brasil Atual)