Após anos sucessivos de crescimento forte, o comércio esfriou neste ano e tende a crescer entre 4,5% e 5%, apesar de estímulos como a Copa do Mundo –que já impulsiona as vendas de TVs, por exemplo.
Analistas dizem que a inflação maior, os juros mais elevados e o crédito em desaceleração explicam o desempenho mais fraco do comércio, que em março registrou sua primeira queda (de 1,1% ante março de 2013) em um ano.
Diante desse cenário, ramos importantes do comércio venderam menos em março. Diante da inflação maior dos alimentos, o ramo de supermercados registrou queda de 1% e puxou o varejo para baixo na comparação com fevereiro –na média, houve queda de 0,5% nesse indicador.
O desempenho só não foi pior por conta da expansão de 1,5% de móveis e eletrodomésticos, já sob impacto da venda de TVs para a Copa.
Para o economista chefe da CNC (Confederação Nacional de Comércio), Carlos Thadeu de Freitas, “não é hora do empresariado acumular estoques”, apesar da Copa. Segundo ele, o aumento dos preços dos alimentos, taxas de juros mais altas, expectativa de uma inflação em torno de 6,5% e os aumentos de luz e gasolina previstos para o ano que vem indicam um cenário menos favorável.
“Os juros devem continuar elevados. Agora é hora de cautela, sobretudo em relação aos estoques”, afirmou.
Uma boa notícia, porém, é o câmbio, que apresenta menor volatilidade, o que reduz as incertezas.
VEÍCULOS
O IBGE pesquisa ainda o indicador do comércio varejista ampliado, cuja retração de fevereiro para março foi ainda mais intensa –1,1%. O ramo de veículos registrou queda de -0,6%.
Para Aleciana Gusmão, técnica do IBGE, o setor já “começa a refletir” a alta dos estoques e a ausência do “incentivo” do IPI reduzido, estímulo que está sendo retirado de modo gradual pelo governo.
O ramo de material de construção também teve desempenho ruim, com perda de 3,1% de fevereiro para março. Ambos vendem também por atacado, por isso, integram o índice do comércio ampliado.
SETORES
Nos resultados do varejo de fevereiro para março, três das dez atividades pesquisadas obtiveram resultados positivos nas vendas: móveis e eletrodomésticos (1,5%); livros, jornais, revistas e papelaria (1,2%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,5%).
Tiveram queda outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,2%); veículos e motos, partes e peças (-0,6%); tecidos, vestuário e calçados (-0,8%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,0%); combustíveis e lubrificantes (-1,5%); material de construção (-3,1%); e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,5%).
O fato do Carnaval neste ano ter caído em março também reduziu o número de dias úteis e afetou o desempenho de alguns setores.