Maior greve geral da história do país contou com 40 milhões de brasileiros

Publicado em 01/05/2017

Dia foi de bloqueio de estradas e ruas, fechamento de garagens de ônibus, além de passeatas e ocupações

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No dia da greve geral, convocada por centrais sindicais e movimento populares, mais de 40 milhões trabalhadores e trabalhadoras de todo o país paralisaram suas atividades, segundo dados dos organizadores. A sexta-feira (28) ficou marcada como a maior greve da história brasileira, segundo afirmou a Frente Brasil Popular, que junto com o Fórum das Centrais e a Frente Povo Sem Medo convocou as ações.

O dia amanheceu com garagens de ônibus paralisadas, piquetes nas fábricas, vias bloqueadas, ruas vazias e centenas de categorias de trabalhadores com os braços cruzados por todo o Brasil.

Para João Paulo Rodrigues, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), "a greve conseguiu chegar ao conjunto da classe trabalhadora e, acima de tudo, fazer um grande debate sobre a importância da luta e da resistência contra as reformas do governo golpista de Michel Temer". Ele ainda refirmou que segue "o compromisso de continuar a luta" e que espera que "o Congresso Nacional tenha a sensibilidade de parar imediatamente as duas votações [das reforma trabalhista e da Previdência]. Caso contrário, nós vamos convocar uma nova greve geral por tempo indeterminado".

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à Rádio Brasil Atual, afirmou pela manhã que o sucesso da greve também significa que está sendo ampliada a conscientização do povo brasileiro em relação aos impactos das reformas pretendidas. "A greve teve adesão da dona de casa, dos trabalhadores do pequeno comércio. O movimento sindical e o povo brasileiro estão fazendo história", avaliou.

Segundo o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, essa é a maior greve trabalhista já realizada no país. Ele a comparou ao movimento de 1989, quando 35 milhões de trabalhadores paralisaram os trabalhos. "Ainda não há estimativa, mas a Central vai ultrapassar esse número", disse, em entrevista para o Congresso em Foco.

Logo nas primeiras horas da madrugada, diversas cidades registraram paralisações e piquetes de trabalhadores de diversas categorias, como as de transporte público. Metrôs, ônibus e trens de uma série de cidades não circularam por 24h. Entre as dezenas de categorias que aderiram ao dia nacional de paralisação nos mais diversos ramos da economia, estão a de transporte, escolas, bancos e indústria em todo o país. Estabelecimentos de saúde – hospitais, unidades básicas, prontos-socorros –, onde não se pode paralisar 100%, os trabalhadores vão fazer escala semelhante à de final de semana, priorizando o atendimento a emergências. 

Também aderiram à greve os bancários (em 22 estados), metalúrgicos (sete estados), comerciários (seis estados), eletricitários, químicos, petroleiros e trabalhadores de saneamento básico e dos Correios. Os servidores públicos das demais áreas, inclusive do Judiciário, aderiram à paralisação em todas as capitais e dezenas de cidades médias, assim como os trabalhadores do Porto de Santos.

São Paulo - Na cidade de São Paulo, diversos movimentos populares e militantes, convocados pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, saíram de diversos pontos da cidade para chegarem à concentração geral, no Largo da Batata, zona oeste da capital paulista. A ação reuniu 70 mil manifestantes e caminhou do local, localizado próximo à avenida Faria Lima, até a casa do presidente golpista Michel Temer.

De forma pacífica e entoando palavras de ordem, os ativistas foram atacados pela Polícia Militar próximo à residência do mandatário não eleito. Como acompanhou a reportagem do Brasil de Fato, um cordão de policiais foi formado no entorno do local e, com a aproximação do ato, iniciaram os avanços da força de repressão.

Anda nesta sexta-feira (28), dia de greve geral, a Polícia Militar (PM) invadiu o Sindicato dos Bancários de de São Paulo, Osasco e Região, por volta das 17h, mesmo horário em que estava marcado um ato dos movimentos populares e centrais sindicais, no Largo da Batata, zona oeste da capital paulista. Segundo informações do sindicato, os policiais intimidaram manifestantes sob o argumento de proteger o patrimônio público.

Em publicação em seu site, informou que os trabalhadores estavam na porta da sede do sindicato se manifestando, quando cerca de cinco PMs foram até eles e entraram na entidade, armados, revistando os militantes, "de forma truculenta e agressiva".

Já no período da manhã, seis integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que realizavam um protesto na Radial Leste, em São Paulo (SP), foram detidos e se encontram no 65º Distrito Policial (DP), Artur Alvim, na Zona Leste da capital. Ao todo, durante este dia de greve, foram detidos 16 manifestantes na cidade de São Paulo até às 11h, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública. Além dos seis militantes que se encontram no DP de Arthur Alvim, outros quatro foram encaminhados ao 33º DP, Pirituba, Zona Norte; e mais 6 detidos que foram levados ao 92º DP, Ceasa, na Zona Oeste.

Ainda madrugada desta sexta-feira (28), a Frente de Luta por Moradia (FLM), membro da Central de Movimentos Populares, além de coletivos de cultura,deram inicio às ações da greve geral em São Paulo, com a ocupação cultural Casa Aberta, Praça de Todos. Cerca de 300 integrantes dos movimentos ocuparam um terreno no centro da capital paulista, como parte de uma iniciativa chamada Abril Vermelho, na Ladeira da Memória.

Paraná - Mais de 90 categorias de trabalhadores do Paraná aderiram à paralisação contra as reformas trabalhista e previdenciária do governo golpista de Michel Temer (PMDB), nesta sexta-feira (28). Cerca de 200 mil pessoas participaram de mobilizações e pelo menos 400 aderiram à greve em todo o estado, de acordo com estimativas da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PR).

Em Curitiba, terminais de transporte público, ruas e praças estavam completamente vazias no início da manhã, devido à adesão dos trabalhadores do transporte coletivo à greve geral. Apenas carros transitavam pela cidade. Enquanto isso, em pontos diversos da capital, movimentos sociais e organizações sindicais promoviam atos e protestos localizados. Segundo a organização, 30 mil pessoas participaram da marcha que partiu do Centro Cívico, passou pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e seguiu até a Praça Tiradentes, onde houve o encerramento, perto das 14h. 

Pernambuco - Nas garagens de ônibus, braços cruzados ou mãos em punho e cartazes com anúncio da Greve Geral. Em vias importantes do estado e da cidade do Recife, bloqueios feitos por militantes de movimentos populares. Foi assim que esta sexta-feira (28) começou em Pernambuco. A adesão ao chamado da Greve Geral, contra as reformas propostas pelo governo golpista de Michel Temer, é grande em todo Brasil.

Trabalhadores (as) das empresas de ônibus e integrantes de movimentos populares e sindicatos, se reuniram na frente das garagens de ônibus do Recife já na madrugada, com o objetivo de garantir que nenhum ônibus circulasse na capital pernambucana. Os principais terminais integrados de passageiros estavam vazios. 

Milhares foram às ruas em Petrolina contra as reformas de Temer e seus aliados

Rio Grande do Sul  -O centro de Porto Alegre (RS) amanheceu vazio devido a grande adesão à greve geral de diversas categorias, como bancos, escolas e universidades, comércios e justiça do trabalho. Além disso, em todo o estado, foram bloqueadas diversas estradas. 

Na madrugada desta sexta-feira, a BR 290 nos sentidos interior-capital, próximo a Ponte do Guaíba em Porto Alegre , e capital-interior, em Eldorado do Sul foram trancadas por cerca de 200 integrantes do MST, Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), e centrais sindicais. As rodovias foram liberadas após ação truculenta do Batalhão do Choque da Brigada Militar, que lançou bombas de gás lacrimogênio contra os manifestantes.

Ainda em Porto Alegre, foram realizadas mobilizações em diversos pontos da cidade, entre elas, as empresas de ônibus, a rodoviária, a prefeitura, os terminais de ônibus e o Centro Administrativo do Estado. 

Rio de Janeiro -Em adesão à greve geral convocada para esta sexta-feira, aeroviários paralisam atividades nos aeroportos Santos Dumont e Galeão, no Rio de Janeiro. No Galeão, a maior parte dos cancelamentos de voos foram de companhias aéreas internacionais, informou o movimento grevista.

A greve geral teve impacto em várias regiões do Rio. A ponte Rio Niterói foi ocupada por manifestantes, além disso tem bloqueios na Av. Brasil, Radial Oeste, Linha Vermelha, Rodovia Niterói-Manilha e nos acessos às barcas e ao terminal rodoviário Nova Alvorada, um dos maiores da cidade. Esses são importantes pontos de circulação da cidade e região metropolitana, por onde passam milhares de trabalhadores todos os dias. 

Pará - Diversas cidades do estado do Pará aderiram à greve geral desta sexta-feira (28). Em Belém (PA), as ações começaram ainda de madrugada. Cerca de 50 mil pessoas participaram da marcha convocada por vários movimentos e sindicatos. Diversos pontos estratégicos da capital paraense foram fechados, como o trecho da Alça Viária, a BR 316, e as avenidas Almirante Barroso (próximo ao bairro de São Braz), Augusto Montenegro e Presidente Vargas.

Segundo a integrante do Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense, Domingas de Paula Martins Caldas, que participa das manifestações em Belém, a greve de hoje é histórica. "Eu comecei na luta com 17 anos, agora tenho 64 e estou indignada. Foram muitos anos que nós lutamos para obter uma conquista mínima para as mulheres, e hoje com uma canetada de uma criatura irresponsável, se quer matar o povo de fome, trazer a miséria de volta para nosso país. Nós somos contra [as reformas] e por isso nós estamos nas ruas".

A surpresa do dia foi que parte dos rodoviários, que não aceitaram o acordo com o sindicado patronal, negociado na quinta-feira (27), aderiram à greve. Os motoristas se mobilizaram parando os ônibus e furando os pneus, bloqueando, assim, o acesso de uma das principais avenidas de Belém, a Almirante Barroso. 

Minas Gerais - De acordo com a Frente Brasil Popular, cerca de 150 mil pessoas participaram do ato em Belo Horizonte, contra as medidas do presidente golpista, Michel Temer. A mobilização contou com diversos setores da sociedade, como sindicalistas, sem-terra, indígenas da etnia Xakriabá e estudantes.

Cerca de 15 mil pessoas, de acordo com a Frente Brasil Popular, foram às ruas em Uberlândia, nesta sexta-feira. Em Juiz de Fora, a Greve Geral reuniu na Zona da Mata mineira, cerca de 30 mil manifestantes. Também houve fechamento da BR 116, em Itaobim. Em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de BH, manifestantes bloquearam a rodovia BR 040. 

(Fonte: Brasil de Fato)